quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"CONTO--(Ofusca-te..o..Livro..,..Sol)--"



Havia o melífluo sol matutino invadindo o cômodo em que Ciranda encontrava-se adormecida.
Os pássaros despertavam junto ao mundo,rossando na delicada pele infantil da garota,levando ao aquecimento do emaranhado de lençóis envoltos na cama,quase transbordantes.
Aroma de orvalho e o ledo radiante a despertar,assistindo-a na precária batalha contra o pesar do sono,ainda permanente.
Senta-se,observa o redor abraçando as próprias pernas,como se buscasse apoio pela ausência de oniricidades.
Antes de concretizar a ação de abandonar o leito,nota uma pequena caixa retangular batendo contra a janela,amarrada no freicho por uma fita de ceda.

-O que é isso?-vai até ele,abre o vidro e segura o objeto,desamarrando sua fôrca-Um livro...Será que seu desejo era matar-se?Amarrar a si em uma janela sem chão algum,tão acima das flores do jardim...-um gato é visto caminhando à margem do telhado vizinho durante a leve pausa ocorrida por pensamentos altos-Se bem que poderia ser tomado pelo medo e arrependimento do resultante da ação.Então,à beira do último instante,seria capaz de saltar de encontro às flores,caso vivesse.Ou seria aquecido pelo sol durante a despedida de sua carcaça.-sente com os dedos a dura capa-Que tolice.Por qual razão um livro cometeria suicídio?

O relógio em cima do criado-mudo mostrava seis e meia da manhã.Substitui o pijama por um vestido de verão e desce as longas escadas canduzentes à cozinha,onde depara-se com a mesa pronta para seu café da manhã.

-Não desejo comer os pães e frutas que meus pais deixaram para mim abtes de iniciarem seus serviços para o sustento da família-segue mais alguns passos-Porém,devo dar valor aos seus esforços.

Atravesse a porta da casa com um pedaço de alimento ainda em mastigação.

Caminha pela rua observando vagamente o céu acima de si,com o livro nas mãos,até tropeçar no meio-fio de uma calçada traiçoeira.

-Tome cuidado,menina.-uma voz masculina é ouvida,procurada ao redor-Poderia ter caído.
-Ah!-avista então um idoso sentado no banco da praça próxima,apenas com as rugas contrastando no castanho extremamente claro de seus olhos,a calça jeans e blusa de lã.O cobertor ao seu lado assemelhávasse à terra.-Estava distraída.
-E o que distrairia uma jovem neste período em que apenas leve claridade é notada?
-Bom...-é tomada de rubor ao engolir seco-Estava observando a lua,apenas.-o senhor permanece a fitá-la em silêncio,como se aguardasse algo além-A lua.
-E...?
-Como assim?
-Você realiza tal ação pelo simples fato de observar uma rocha brilhante?Se interessa unicamente por algo superficialmente cativante?

A forma como passa a pedir prolongamento de rsposta e insiste em mantê-la fazem com que sua mente gire.

-Bem...Pensava em como a lua brilha durante a noite,em como nos guia através da escuridão e serve de companheira,até mesmo durante o dia,quando o sol já raiou.-faz uma pausa,não finalizando apenas pelo olhar que a fita-Quando o sol estiver prestes a sair,mostrando a todos o reflexo de seu fausto,o brilho a ofuscará,fazendo com que desapareça.E nós,encantados pela beleza da estrela diurna,nos esqueceremos dela.-senta-se ao lado do ouvinte,que inicia  o processo de dobrar seu emaranhado marítmo-Quem,nesse instante,sentirá falta da lua?

Um imenso silêncio é formado na dimensão criada entre ambos,unindo as fronteiras apenas pelas agitadas órbitas ,demonstrando o algo perdido no abísmico escape da realidade.Ouvem o som do portão de uma loja sendo aberta,além do outro extremo da rua.

-Os vidros são traiçoeiros,marotos...-os lábios idosos professam palavras vindas de devaneios alheios-Podem nos enganar facilmente,simplesmente por imporem-se diante do instante à nossa frente.Se nos distrairmos,bateremos em sua transparência e não alcançaremos o desejado.Podemos quebrá-lo,sendo que o preço da plenitude é convertido equivalente às feridas causadas pela destruição.

Antes de retribuir qualquer resposta ao comentário,enxerga-o recolhendo seus pertences e prosseguindo adiante,aparentemente sem rumo certo.

-Mas vale a pena.-brisa matutina é transportadora do aroma orvalhesco,ainda presente no solo-Se ainda tiver um coração,sentirá falta da lua.
-Ainda ter um coração...?-não compreende,interrogando em tom capaz de cruzar a remoticidade.
-Irá compreender.-finaliza ao desfocar a silhueta no virar de esquina,levando consigo o vislumbre da lua no céu,imenso firmamento receptor das maravilhas solárias saltando além do horizonte.

-Irei compreender...?-a luz extrema obstrui seus olhos de permanecerem abertos,fazendo-a abrir o livro e utilizá-lo como protetor.Enxerga ainda outro,ao desviar com razão de verificar o som vindo de uma janela,outro livro comentendo suicídio em mais uma janela de vidros marotos-Apenas daqui a cinco minutos...



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