Ao deitarmos em nosso leito , prestes a repousar , levados pelo hábito quantinuo , há de buscarmos o máximo de silêncio possível nesta abafada realidade.
Algo singelo , lânguido , sem forma definida , latente em nosso peito , passa à audição .
SOM ABAFADO PENETRANDO EM NOSSA MENTE.
TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC.
Talvez o estrondoso som -inaudível-deste relógio concentrado em nosso seio torne-se mil vezes pior que qualquer outra forma , som ou ruído existente neste planeta.
Escutar tão abertamente esta contagem regressiva , como se ecorregasse de nossos dedos sem podermos fazer nada , transforma-se num eterno tormento se não ignorado .
Há vezes em que chegamos agradecer os demais sons , pois estes desfarçam , mais uma vez , aquilo que deveria ser a verdade .
Afinal , ouvimos apenas o que desejamos .
O relógio não é necessário para o tempo marcar.
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